segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Veladas Dimensões de Amor




Improviso palavras pra dar-te,
Como o ouro que procuram e procuram;
Mas que ainda vão encontrar.
De baixo do arco íris talvez,
Posto em balde.

Imito o amor no papel.
Com ele não tem o bendito ouro,
Porém sinto-o mais raro.
Queria dar-te o mundo,
E ainda bem mais que isso.
Mas dizem que o mundo acaba.

Posso dar-te meus sentimentos também.
Mas como saberás tu, que são verdadeiros?
Pelo brilho que tem diante
De duas janelas minhas?
É pouco.

Tudo será pouco. Qualquer coisa será pouco.
Diante de uma imensidão de amores plenos.
Como saberás tu?
Se chegará aos pés de uma dimensão,
Ou quem sabe,
Ao menos parecido com a que bate aqui?
Como um forte tumulto agita dentro de mim.

Bate cada dia mais forte,
Ocupas tu um lugar maior e maior.
Já não penso em outra coisa.
Invades minha mente de um jeito apetente.
Obsoleta são todas essas palavras.
Sem ornamentos decentes,
Que possam expressar de uma volúpia forma,
Que meu amor por ti... É sem tamanho.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Turvo Lilás


Lúdicas palavras escrevo-te,
Nessa parede desbotada de lilás,
Com grafite torto.
Faço rabiscos crédulos, querendo apenas,
Refletir do meu mais eloquente modo.
Pinto nela a estória nossa,
Contada por duas almas e um amor mais puro.

Um amor lilás que pinto,
Não desbotado como a tal.
Sublime na parede, que parede,
Que escrevo traço a traço.
Desgostosa no dicionário,
Das palavras sabias,
Não existe uma “prestante”.

Quero-te deitar aqui comigo,
Sentir o suspiro que faz subir e descer teu peito.
Quero o mais sincero respirar,
Porque de mim existe unicamente plenitude.
Quero-te o mais perto possível.
Sensível,
Teu toque cala.

Fazer com que não vejamos mais parede.
Dormir com tua mão no mais cortês tocar.
Que com teu lábio perdido no meu,
Faz agora cessar pálpebras semi-abertas.
Fazemos amor, o mais prudente e esbraseado.
Quero acordar posta no teu peito,
Com um sorriso mudo,
E a árvore e o balanço... Atrás de nos.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A Culpa Perfeita



Sei que parece loucura, mas de algum modo sinto-me tentada a descobrir como algo pode mudar tanto, em tão pouco tempo.
-Tempo- série ininterrupta e eterna de instantes. Senhor da razão. Sim, mas será que existe alguém que procure por isso?
Mudasse a linha tênue que existe na vida minha. Juntasse às tuas e eu às minhas.
Voltei a ter vontade de amar, e a culpa dessa insana e cheia de "perfeitas-imperfeições"... é Você.
Se o erro de um culpado for esse... Por favor, ensina-me a errar? Assim como foi o grandioso erro que fizestes comigo.E peço para não parares com isso -Nunca- se isso algum dia vier a existir.
Ah, eu te amo com todos os possíveis significados... e o melhor disso, é não ter acepção de nada, apenas e somente do amor.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Cristaleira

Esperei, esperei.
Olhei no relógio, que parecia passar mais lento.
Refiz meu copo. Abri a bolsa sacando o fósforo.
Levei o outro a até a boca. Risquei, acendi um cigarro.
No canto da boca ele esperava.
Fechei a bolsa e com a outra mão peguei o copo.
Um gole. Uma tragada,
Apenas dois pequenos movimentos.
Recompus-me.

Voltei a fazer o de antes, tentando esquecer.
Fui ao embalo da música. Dancei.
Esqueci por alguns momentos.
Pausa. Voltei a olhar no relógio.
Perguntei por teu rumo. Ninguém sabia.
Demos partida.
Cabeça turbilhonando,
Desfecho próximo,
Prosseguido de agonia.
Chegamos.

Não te esperava mais.
Antessenti que de nada adiantava,
A parecida espera eterna.
Não entendo porque de tanto,
Foram apenas algumas horas,
Poucas, talvez duas ou três.
Mas o que parece sutil agora,
Quando se espera pelo tempo...
Ele é severo, costuma delongar-se.

Tinha já te visto em alguns dos meus sonhos.
Não sei se prefiro essa idéia,
Ou se prefiro o gosto do novo.
Talvez você faça a combinação perfeita dos dois sabores.
Desci a escada,
E quando eu menos esperava,
Espanto. Cara surpresa.

Apareceu-me

A repentina mudança de expressão,
E em segundos minha face traiu-me.
Não dava de esconder.
Dali pra frente de tudo que lembro,
O melhor foi o gosto do teu beijo.
Teus cabelos que corriam entre meus dedos,
O encaixe que parecia ter levado tempos,
E a tua respiração junto da minha.

Não havia música. Não havia pessoas.
Não havia lugar, nem ao menos o tempo.
A única coisa que existia ali era,
Eu, você,
E do lado... Ah, essa que não podia faltar.
Que deu o sutil e inesquecível detalhe...
A Cristaleira.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Deleite da Alma



Agora minha boca se cala,
Frenética no teu beijo.
Ouvindo os sussurros que se encostam,
Como uma concha no meu ouvido.
Vem o barulho que não diz nada,
E é contraditório.
Consigo entender esse teu silencio murmurado.

A harmonia dos nossos corpos que se tocam.
Intercalando entre o ríspido e o deleite,
Excitamos-nos juntos.
Quero toda a tua libido em mim,
Tenho fome do teu beijo,
Do teu suor correndo pelo ventre,
Num pingo desenhado, devagar.

Quero ver-te por cima. Quero dimensão.
Sublime amor que fazemos.
Rolamos na cama, trocamos caricias,
Abraços.
Não fazemos sexo, não conhecemos isso.
Quero encontrar você,
No mesmo tempo em que você irá me encontrar.

Encontrar com a tua alma nas alturas,
Fazendo isso um sutil e veemente orgasmo,
Ao mesmo tempo. Nós. Juntos.
Esse final que não necessitamos.
Posso ficar conhecendo teu corpo horas,
E ainda não suprir todo o meu desejo.

Posso ficar a noite toda deitada no teu braço,
No teu peito, escutando tua música.
Não tenho a necessidade de gozar do teu sexo.
Quero-te dentro de mim,
Não por inteiro em meu corpo,
Mas sim, na minha alma.

domingo, 13 de setembro de 2009

O Passarinho Vermelho


Vejo a rosa de dois tons que está na minha frente. Sinto e ouço o vento que faz as palmeiras mexer, numa dança rítmica e desajeitada. São borboletas brancas pairando e sempre observadoras das coloridas. Pessoas ao redor do recheado pé de amora não tão doce.
A menininha de rosa, corre livre com um riso sincero nos lábios, querendo brincar e não entendendo porque a mãe não faz o mesmo. Como vermelhas frutas, esfrego-as na roupa, sobro e num sutil respirar as levo à boca com a sintonia singela de um movimento.
O desenho que o sol faz quando passa pelos inúmeros vãos das imensas árvores; As folhas que caiem secas flutuando sob o chão verde.
Pés de pequenas e mimosas flores lilases adornam com um ar simplista, parecendo proposital. As pedras posicionadas de maneira primorosa, dando todo o aconchego necessário para eu não querer parar de olhar-te nem um segundo se quer. Os pássaros cantam para nós. Eles gostam disso. Levanto, pego mais um fruta que premiada veio doce igual o lábio que me beijava.
Cachorros correm refrescando com a língua de fora, o vento batendo, a fruta comida, teu beijo molhado, não sai do meu lado. Quero-te comigo.
Sentamos. As mão se encaixam, interpondo os dedos que fundem-se ao natural e ao vermelho vibrante das unhas. Um sorriso e o outro chama como um assobio, um passarinho de cabeça bem vermelha, que pára olhando para contemplar o que em nos se percebe. Dizem que pássaros escutam os sons da alma. A nossa que estava em total sintonia.
Passarinho vermelho que salienta-se sobre o galho baixo da grande árvore velha, reverenciando todo o seu, o meu e o nosso amor.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Triste Flor


Fazes de mim doente,
Quando falo sem razão,
E te calas de repente,
O silencio perturbador.
Soa como um ruído alto,
Cala-te, mas não despeja esse olhar no fundo da minha alma.
Cala-te, mas não fiques assim por mim.
Choras em silencio, eu vejo isso no fundo dos teus olhos,
Vejo que em mim então, das flores que me desses,
Vão murchando sem querer.
Rego. Cuido. Soa. Sino. Silencio.
Enlouqueço então, quero-te de volta em meus braços.
Não posso ver-te caída assim.
Vives de novo e voltes pra mim.

Maria Antônia Anicetto Vieira

sábado, 29 de agosto de 2009

No meu jardim chorando ou sorrindo


Palavras não suprem todo o brilho dos teus verdes olhos
Que ternura seria, se virasse música as tuas doces palavras,
Seria uma cantiga, assobio para o jardim dos meus Sabiás.
Jardim que tem a rosa, que de todas eis a mais graciosa.
Puro, teu coração é meu, o meu é teu.
Não nego que te amo mais que a mim mesma
Que sou capaz da maior loucura pra fazer-te feliz,
Pra te ser feliz, pra te sentir feliz, pra te ter feliz.
Encanto-me no aconchego do teu gentil sorriso.
E as rugas?
Contam a tua história.
Ah, estas que dão a veludes necessária da face.
Servem para dizer silenciosamente e tão clara,
O quão brilho existe em ti.
Reluz nela a expressão da vida.
E que vida.
Que chorando ou sorrindo,
Mãe, é sempre contigo, é sempre contigo.
Chorando ou sorrindo.

Maria Antônia Anicetto Vieira

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Passageiro

Música faz-se dos pingos de chuva batendo no vidro,
E do vento sobrando forte, sutil e raivoso.
Nada se entende, mas nada é preciso entender agora.
Frio, faz frio lá fora, o mesmo frio que aquece a alma,
E no vidro embaçado, letras que escorregam deixando-as gravadas.
Como se não existisse nada, além de nos.
Os olhos se cruzam, não querendo mostrar o tolo sorriso,
Que caso fizer-te a grande pergunta, não saberás o que responder.
Responder que também quero fazer-me essa mesma pergunta.
Que ainda não sei o que diz meus lábios,
Fazendo apenas um pequeno movimento.
O de rir sem gargalhadas.
È preciso ir, a viagem já terminara, levanta-se então do acento
Da-se o último de muitos olhares, um beijo no rosto frio.
E tão sem explicações, vivemos ali , mas um dia.
Que dia bom, que bom seria, se assim fosse todos os meus dias.
Maria Antônia A. Vieira

domingo, 23 de agosto de 2009

Em Minha Memória

Fazes de mim os olhos ausentes,
Quando estais na minha frente.
Tampo os olhos abertos,
Não quero enxergar o que em mim se situa.
A frieza tua. A tristeza tua.
Não sinto amor, não sinto paixão.
Tudo que me resta é a intimidade,
Que ainda tenho com a tua alma,
Somente com a alma tua.
Porém abrando-me, deixando esquecer,
Desse sutil detalhe.
Lembro-me, que em nós, nada mais resta,
A não ser a gentileza de ter você na memória.
Ah, nosso grande amor de cachoeira.
Ao mesmo tempo em que tão frio era,
Era claro, perfeito e tão perigoso.
Temos muito ainda em nós,
Não temos mais nada.
Dividimos o nada e o tudo,
Mas saiba que o meu tudo...
São apenas Memórias.


Maria Antônia Anicetto Vieira

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Lírios Brancos

A essência da pela fria, crua e nua.
Pedindo calor, pedindo pra esquentar-se.
Esquentar-se entrelaçando pescoços,
Sentindo pêlos e apelos.
Sentindo o arrepio que causa a mão descendo.
A outra já vem abrindo caminho pelos cabelos; e,
Com dedos abertos, fecha a mão.
O arrepio que a sobe as espinhas.
É crescente, agora em êxtase.
Aparece e não quer mais sumir.
Não quer sair dali.
Os olhos se fecham,
Os músculos se contraem,
Relaxando a alma.
A alma que sobe e desce parada,
Na cama.
Energias que multiplicam,
O sabor do desejo,
O toque do veludo,
O calafrio inquieto.
A exuberância do ato.
Tato. Olfato.
A mão que espreme o travesseiro.
São dois corpos,
Que se fazem um só.
O balanço na árvore,
O barulho da chuva,
A respiração no ouvido.
Que antes era cansada,
Agora é aliviada,
E querendo mais.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Talvez


Milhões de idéias. Tento colocar em uma folha, organizar um turbilhão de pensamentos que passam todos os dias em minha cabeça. Como se fosse um devaneio, um temporal de grandes e mirabolantes idéias, algumas que chegam a ser sem sentido. Todas com dois lados, com duas soluções, mas muitas vezes sem nada. Sem lado e sem resposta.

Pode ser a saudade que bate, fica, dói, vai embora, e depois volta mais forte ainda; Pode ser também o orgulho que bate, vai embora, tenta esquecer, talvez consiga por um tempo cobrir um pouco do vazio deixado, ou talvez não seja nada. Sensação de insuficiência, que nada pode ser amenizado nem solucionado. Talvez uma ponta de culpa por ter deixado ir tão longe, ou talvez tão perto de ser perfeito.

Desespero, angústia, coração apertado. Saudade. Raiva, insegurança, tristeza, preto, vazio, coração acelerado, amor, lembranças. Saudade.Por quê? Uma das perguntas mais feitas nos últimos quatro meses. Bendito foi aqueles cinco minutos de loucura. Por quê? Tinha que ser naquela hora, naquele dia, naquele local, no exato momento. Cena de filme, impossível acreditar. Hora H, ponto máximo, clímax. Por que com a gente? Porque me fazes sofrer assim?

Se quisesses ver-me triste, conseguisse. Se quisesse fazer-me chorar e sofrer, conseguisse também.Alma que dentro entristece a cada sentido. Cinco sentidos. Quando te vejo sobe a raiva, lembro a cena. Quando sinto teu cheiro, me amolece, como se fosse mais forte que eu. Quando te sinto é como se o tempo parece, como se eu desejasse ficar assim o tempo todo, como se nada mais importasse. Se quisesses ver o sorriso mais sincero e a pessoa mais feliz do teu lado... Não posso negar... Conseguisses muito bem.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Vontade súbita

O sentimento a cegava.
Fazia com que retornasse àquele mundo,
Que não existia mais.
Enlouquecera quando pensava.
Nada mais podia fazer esquecer,
Era um engano ou um milagre.
Não mais tinha palavras para cantar,
A não ser sobre o fato.
Chama-se de fato, quem se ama,
A pessoa amada.
E ama com toda a dúvida e toda certeza.
Tão mórbido é, que a afogava;
Afogava-a nos próprios pensamentos que fazia existir.
E se não existir nada?
Nada que podia fazer para não pensar em ti.
Não podia fazer isso, não conseguira fazer.
Era imune.
Imune a todos os pensamentos que levaram para longe de ti.
Queria ela pensar em outra coisa,
Queria ocupar-se com outras coisas.
Talvez a chance de um novo amor.
Mas vivera todos os dias, na realidade de seus sonhos.
Queria respostas para as unânimes perguntas.
Mas não queria entender de fato o sentido disso tudo.
Fazia mal pensar que talvez agora,
Não sentira mais vontade de pensar, de tanto amar-te.
E não te esquecera; talvez,
Porque ainda não tivesse tentado.
Porque ainda não quisesse tentar.
Porque ainda quisesse, continuar te amando.

Maria Antônia Anicetto Vieira

sábado, 15 de agosto de 2009

Dentro do escuro

Uma estrada, poucos carros passando.
Uma imensidão no céu, o escuro.
Não esperava que pudesse ouvir aquilo.
Seguravam forte sua mão;
Ela podia sentir isso.
Um fio a puxava para cima,
Não deixando a enfraquecer.
Continuava a esperar.
As palavras se fizeram juntas.
Em uma união torta.
Parecendo não querer sair dali.
Começou depois de um tempo,
O barulho perturbador.
Doía escutar.
O fio que não a soltava,
Agora a segurava mais forte.
Apesar de tudo, ainda sentia-se firme.
Colocou a mão sobre a face,
Como se quisesse tocar; e,
Ter a certeza do que acontecera.
Sem quer, os lábios desgrudaram.
Abriu a boca levemente,
Fazendo força para sair algum som.
Inútil.
Um sorriso. Foi o máximo que conseguira;
E sem esperar uma leve risada.
Foi então tudo soando mais fraco,
Em segundo, tudo parecia o completo silencio.
Não existiam mais carros.
E nem ao menos o céu.
A única coisa que ainda tinha ali,
Era o escuro.
Esse será difícil esquecer.
Maria Antônia Anicetto Vieira