sábado, 29 de agosto de 2009

No meu jardim chorando ou sorrindo


Palavras não suprem todo o brilho dos teus verdes olhos
Que ternura seria, se virasse música as tuas doces palavras,
Seria uma cantiga, assobio para o jardim dos meus Sabiás.
Jardim que tem a rosa, que de todas eis a mais graciosa.
Puro, teu coração é meu, o meu é teu.
Não nego que te amo mais que a mim mesma
Que sou capaz da maior loucura pra fazer-te feliz,
Pra te ser feliz, pra te sentir feliz, pra te ter feliz.
Encanto-me no aconchego do teu gentil sorriso.
E as rugas?
Contam a tua história.
Ah, estas que dão a veludes necessária da face.
Servem para dizer silenciosamente e tão clara,
O quão brilho existe em ti.
Reluz nela a expressão da vida.
E que vida.
Que chorando ou sorrindo,
Mãe, é sempre contigo, é sempre contigo.
Chorando ou sorrindo.

Maria Antônia Anicetto Vieira

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Passageiro

Música faz-se dos pingos de chuva batendo no vidro,
E do vento sobrando forte, sutil e raivoso.
Nada se entende, mas nada é preciso entender agora.
Frio, faz frio lá fora, o mesmo frio que aquece a alma,
E no vidro embaçado, letras que escorregam deixando-as gravadas.
Como se não existisse nada, além de nos.
Os olhos se cruzam, não querendo mostrar o tolo sorriso,
Que caso fizer-te a grande pergunta, não saberás o que responder.
Responder que também quero fazer-me essa mesma pergunta.
Que ainda não sei o que diz meus lábios,
Fazendo apenas um pequeno movimento.
O de rir sem gargalhadas.
È preciso ir, a viagem já terminara, levanta-se então do acento
Da-se o último de muitos olhares, um beijo no rosto frio.
E tão sem explicações, vivemos ali , mas um dia.
Que dia bom, que bom seria, se assim fosse todos os meus dias.
Maria Antônia A. Vieira

domingo, 23 de agosto de 2009

Em Minha Memória

Fazes de mim os olhos ausentes,
Quando estais na minha frente.
Tampo os olhos abertos,
Não quero enxergar o que em mim se situa.
A frieza tua. A tristeza tua.
Não sinto amor, não sinto paixão.
Tudo que me resta é a intimidade,
Que ainda tenho com a tua alma,
Somente com a alma tua.
Porém abrando-me, deixando esquecer,
Desse sutil detalhe.
Lembro-me, que em nós, nada mais resta,
A não ser a gentileza de ter você na memória.
Ah, nosso grande amor de cachoeira.
Ao mesmo tempo em que tão frio era,
Era claro, perfeito e tão perigoso.
Temos muito ainda em nós,
Não temos mais nada.
Dividimos o nada e o tudo,
Mas saiba que o meu tudo...
São apenas Memórias.


Maria Antônia Anicetto Vieira

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Lírios Brancos

A essência da pela fria, crua e nua.
Pedindo calor, pedindo pra esquentar-se.
Esquentar-se entrelaçando pescoços,
Sentindo pêlos e apelos.
Sentindo o arrepio que causa a mão descendo.
A outra já vem abrindo caminho pelos cabelos; e,
Com dedos abertos, fecha a mão.
O arrepio que a sobe as espinhas.
É crescente, agora em êxtase.
Aparece e não quer mais sumir.
Não quer sair dali.
Os olhos se fecham,
Os músculos se contraem,
Relaxando a alma.
A alma que sobe e desce parada,
Na cama.
Energias que multiplicam,
O sabor do desejo,
O toque do veludo,
O calafrio inquieto.
A exuberância do ato.
Tato. Olfato.
A mão que espreme o travesseiro.
São dois corpos,
Que se fazem um só.
O balanço na árvore,
O barulho da chuva,
A respiração no ouvido.
Que antes era cansada,
Agora é aliviada,
E querendo mais.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Talvez


Milhões de idéias. Tento colocar em uma folha, organizar um turbilhão de pensamentos que passam todos os dias em minha cabeça. Como se fosse um devaneio, um temporal de grandes e mirabolantes idéias, algumas que chegam a ser sem sentido. Todas com dois lados, com duas soluções, mas muitas vezes sem nada. Sem lado e sem resposta.

Pode ser a saudade que bate, fica, dói, vai embora, e depois volta mais forte ainda; Pode ser também o orgulho que bate, vai embora, tenta esquecer, talvez consiga por um tempo cobrir um pouco do vazio deixado, ou talvez não seja nada. Sensação de insuficiência, que nada pode ser amenizado nem solucionado. Talvez uma ponta de culpa por ter deixado ir tão longe, ou talvez tão perto de ser perfeito.

Desespero, angústia, coração apertado. Saudade. Raiva, insegurança, tristeza, preto, vazio, coração acelerado, amor, lembranças. Saudade.Por quê? Uma das perguntas mais feitas nos últimos quatro meses. Bendito foi aqueles cinco minutos de loucura. Por quê? Tinha que ser naquela hora, naquele dia, naquele local, no exato momento. Cena de filme, impossível acreditar. Hora H, ponto máximo, clímax. Por que com a gente? Porque me fazes sofrer assim?

Se quisesses ver-me triste, conseguisse. Se quisesse fazer-me chorar e sofrer, conseguisse também.Alma que dentro entristece a cada sentido. Cinco sentidos. Quando te vejo sobe a raiva, lembro a cena. Quando sinto teu cheiro, me amolece, como se fosse mais forte que eu. Quando te sinto é como se o tempo parece, como se eu desejasse ficar assim o tempo todo, como se nada mais importasse. Se quisesses ver o sorriso mais sincero e a pessoa mais feliz do teu lado... Não posso negar... Conseguisses muito bem.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Vontade súbita

O sentimento a cegava.
Fazia com que retornasse àquele mundo,
Que não existia mais.
Enlouquecera quando pensava.
Nada mais podia fazer esquecer,
Era um engano ou um milagre.
Não mais tinha palavras para cantar,
A não ser sobre o fato.
Chama-se de fato, quem se ama,
A pessoa amada.
E ama com toda a dúvida e toda certeza.
Tão mórbido é, que a afogava;
Afogava-a nos próprios pensamentos que fazia existir.
E se não existir nada?
Nada que podia fazer para não pensar em ti.
Não podia fazer isso, não conseguira fazer.
Era imune.
Imune a todos os pensamentos que levaram para longe de ti.
Queria ela pensar em outra coisa,
Queria ocupar-se com outras coisas.
Talvez a chance de um novo amor.
Mas vivera todos os dias, na realidade de seus sonhos.
Queria respostas para as unânimes perguntas.
Mas não queria entender de fato o sentido disso tudo.
Fazia mal pensar que talvez agora,
Não sentira mais vontade de pensar, de tanto amar-te.
E não te esquecera; talvez,
Porque ainda não tivesse tentado.
Porque ainda não quisesse tentar.
Porque ainda quisesse, continuar te amando.

Maria Antônia Anicetto Vieira

sábado, 15 de agosto de 2009

Dentro do escuro

Uma estrada, poucos carros passando.
Uma imensidão no céu, o escuro.
Não esperava que pudesse ouvir aquilo.
Seguravam forte sua mão;
Ela podia sentir isso.
Um fio a puxava para cima,
Não deixando a enfraquecer.
Continuava a esperar.
As palavras se fizeram juntas.
Em uma união torta.
Parecendo não querer sair dali.
Começou depois de um tempo,
O barulho perturbador.
Doía escutar.
O fio que não a soltava,
Agora a segurava mais forte.
Apesar de tudo, ainda sentia-se firme.
Colocou a mão sobre a face,
Como se quisesse tocar; e,
Ter a certeza do que acontecera.
Sem quer, os lábios desgrudaram.
Abriu a boca levemente,
Fazendo força para sair algum som.
Inútil.
Um sorriso. Foi o máximo que conseguira;
E sem esperar uma leve risada.
Foi então tudo soando mais fraco,
Em segundo, tudo parecia o completo silencio.
Não existiam mais carros.
E nem ao menos o céu.
A única coisa que ainda tinha ali,
Era o escuro.
Esse será difícil esquecer.
Maria Antônia Anicetto Vieira